sábado, 28 de fevereiro de 2009

Tua voz
Pelo sentido das palavras
Seca a mudez da minha língua
A nudez do meu corpo
E me acha

Tua voz
Procura abrir uma fresta no sentido
Abrir o sentido como se fosse uma porta

Tua voz
É a mais impossível das coisas
Um corpo sem corpo
Uma força sem força

Língua, dentes , lábios, mãos e braços
Impossível a fuga deste abraço
Do toque mínimo
Do beijo invisível no ar que vibra

O que me segura me engana
O que acontece comigo
Pipoca em tua íris
Feito criança a brincar na grama

Não há tempo para lembrança

De tão urgente que tua voz escapa entre os dentes
O presente descansa